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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

BARTOLOMEU DE CARVALHO PEIXOTO
( Brasil – Sergipe )_

Nasceu no povoado de Cajueiro, Iabaiana – SE, ao 08 de maior de 1924.  É filho de Jerônimo de Carvalho Peixoto e de Maria Rosa Peixoto.
Aprendeu as primeiras letras e os números com o seu genitor aos 8 anos, teve curta passagem pela Escola Municipal, sob os cuidados da professora Iaiá Madureira e, posteriormente, tornou-se aluno particular do Sr. Francisco Lagoa.  Ao todo, sua atividade escolar conta apenas seis meses.  Bartolomeu, entretanto, nunca deixou de ser eminente aprendiz. Com seu pai aprendeu os ofícios de carpinteiro e de pedreiro, além das técnicas agrícolas, próprias da região.
Tempos depois adquiriu um livro de Aritmética e, ao lado de seu primo Miguel de Carvalho Peixoto (de saudosa memória) aprendeu a lidar muito bem com os números, a ponto de, mais adiante, ensinar aos filhos as quatro operações, juros, porcentagem, área, volume e esquadria.
Aos vinte e seis anos, casou0se com Maria Nunes Peixoto, com quem teve 16 filhos, dos quais dois já estão na Glória Eterna. Ao lado de sua estimada esposa, deu continuidade ao aprendizado, pois ambos são autodidatas. Ao mesmo tempo, não descuidou a educação dos seus filhos, o que fez deles uma família distinta.
Homem de aguçada inteligência, sagacidade de pensamento, de raciocínio lógico, soube contar com os poucos recursos de que dispunha e encaminhou seus filhos aos estudos e ao trabalhos. Hoje [em 2008], contando 84 anos, apresenta aos familiares e aos seus amigos a prova cabal de sus brilhante capacidade: “Uma vida em versos”.

 

PEIXOTO, Bartolomeu de Carvalho.  Arte e poesia: uma vida em versos.  Aracaju, SE: Gráfica e    Editora Triunfo, 2008.  152 p.  15x21 cmm.  N. 08 752


Estória dos aposentados

1 – Eu vou contar uma estória,
Que não dá bom resultado,
Falando de homens idosos,
Que já estão fracassados.
Já foram novos e fortes,
Hoje só esperam a morte,
É o fim destes coitados.

2 -  Quando a gente é muito jovem,
Tem sustança e destreza,
Mesmo que não seja rico,
Vive cheio de grandeza.
Depois de velho, fracassado,
Fica todo deformado,
Todo feio e com fraqueza.
3 -  Quando uma mulher velha,

Se mete a ser vaidosa,
Procurando namorar,
Gastando de muita prosa.
Assim diz a molecada:
Olha, que velha assanhada,
E a desgraçada é feiosa!

4 -  Rapaz novo não se ilude,
Com uma velha enrugada.
Os velhos, também, também não querem
E a velha fica zangadas
Rogando praga ao rapaz,
Fica com raiva demais,
Como uma cobra assanhada!

5 – A solteirona vive triste,
Se lamentando da vida,
Querendo arranjar namoro.
Mas a vontade é perdida,
Só serve de prejuízo.
Que o bom Deus dê juízo,
A estas velhas enxeridas.

6 – Coitadas das moças velhas,
De quem mais eu tenho dó.
Completou 50 anos,
Não arranjou um xodó.
A coitadinha sofrendo,
E a molecada dizendo,
Que ela está no caritó.

7 – Mariquinha solteirona,
Já tinha 70 anos.
Nunca encontrou namoro,
Mas ela mudou de plano.
Encontrou um bom rapaz,
Perturbou ele demais,
Findou ainda casando.

8 – Ela fez um plano certo,
Falou com a macumbeira,
E mandou enfeitiçá-lo.
E mandou enfeitiçá-lo.
Depois ela foi pra feira,
Encontrou-se com o rapaz,
Iludiu ele demais.
E ele caiu na besteira.

9 – Combinaram num instante
O mês, o dia e o horário.
Mariquinha, moça velha,
Casou-se com Joaquim Cesário.
Não ficou nada à toa,
Ela levando via boa,
E fazendo ele de otário.

10 – Mas esta tal macumbeira...
Só fazia coisa ruim,
Enfeitiçou Mariquinha,

Pra ficar com o Joaquim.
Além de ser macumbeira,
Era tão interesseira
Que nunca se viu outra assim.

 

11 -  Esta tal de macumbeira,
Chamava-se Mariana.
Mariquinha enfeitiçada,
Morreu na mesma semana.
Mariana uniu-se a Joaquim,
Mas a danada era tão ruim,
Qual uma cobra suçuarana.

12 – Ficou com a Mariana,
Convivendo com Joaquim.
Ela velha e ele novo,
Um desacerto sem fim.
Todos os dias brigavam,
Amor cego é mesmo assim.

13 -  Vamos deixar Mariana,
Brigando com seu Joaquim,
Pra falar de outro assunto,
Que seja menos ruim.
Os velhos de hoje em dia,
com sua aposentadoria,
Sempre melhoram no fim.

14 – Naquele tempo passado,
Ninguém se aposentava.
O velho no fim da vida,
Quase sempre fracassava,
Ficava muito pior.
Até o cão tinha dó,
Da fome que ele passava.

15 -  Velho com 80 anos
Não podia trabalhar.
A família muito pobre,
Sem condições de ajudar.
O ancião ou o médio,
Precisando de remédio
Nunca podia comprar.

16 – Tudo agora está melhor,
Pra os velhos, hoje em dia,
Passou de 60 anos,
Tem aposentadoria.
E aqueles especiais,
São tratados como iguais,        
Ganhando a mesma quantia.

17 – Ás vezes fico pensando,
Como tudo melhorou,
E sempre me recordando,
Do tempo do meu avô.
Ficou velho e cansado,
Com um fracasso danado,
Mas nunca se aposentou.

18 -  São os velhos de hoje em dia,
Que estão de parabéns.

Os móveis que eles não tinham
Agora, qualquer um tem.
É um salário pequeno
Mas dá pra irem vivendo,
Sem pedir nada a ninguém.

19 – Hoje em dia os velhos sofrem,
Quando algum cai doente,
Mas logo toma remédio,
E fica melhor novamente.
Não vive tão fracassado,
Os velhos andam alinhados,
Com roupa boa e decente.

20 – Tudo agora é diferente,
Daquele tempo passado.
O povo ficava velho,
Mas não era aposentado.
E a fome devorando,
E os velhos esmolando,
Pra comer algum bocado.

21 – Pessoal, repare bem,
Que esta estória se aposenta,
Já vai morar na cidade.
Fica bem sossegado,
E os mais novos apressados,
Pra completar a idade.

22 – Ficar velho hoje em dia,
Não causa tanta tristeza,
Depois dos 60 anos,
Aposenta-se com certeza,
Melhora a prosperidade,
E vai morar na cidade,
Vivendo até de beleza.

23 – Vamos mudar de assunto,
Não falar de aposentados,
Que os velhos muito idosos,
Costumam ser enjoados.
Não se lembram do castigo,
Pois naquele tempo antigo,
Não tinham nenhum cruzado.

24 – Vou terminar esta estória,
Sem falar mais de ninguém.
Falar da vida dos outros,
É coisa que não convém,
Mas como sou bem teimoso,
Todo pessoal muito idoso,
Aceite meus parabéns!

25 – Bartolomeu é meu nome,
Que na pia me foi dado,
Carvalho Peixoto, o sobrenome,
Que de meus pais foi herdado.
Eu me sinto muito bem,
Dando os meus parabéns,
A todo povo aposentado.

*
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Página publicada em março de 2025.


 

 

 
 
 
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